Como Criar a Fundamentação Teórica no Projecto de Pesquisa

Como Criar a Fundamentação Teórica

A fundamentação teórica é também denominada de revisão de literatura, quadro teórico ou referencial teórico. Essa etapa consiste em apresentar os conceitos centrais da pesquisa com base no que outros pesquisadores dizem e escrevem sobre o assunto.

Ponto de Partida da Revisão de Literatura

A fundamentação teórica visa identificar o estágio em que se encontram os conhecimentos acerca do tema que está sendo investigado.

Tarefa: procurar, encontrar e ler o que já foi publicado e dito sobre o seu tema de pesquisa.

Portanto, é importante saber se sua ideia (proposta de tema de estudo) já não foi exaustivamente discutido ou, então, descobrir o que ainda não se discutiu suficientemente sobre um determinado tema.

Atenção: Não se trata simplesmente de recortar pedaços de texto e colá-los sem muita conexão. Os parágrafos precisam ter ligação, o texto precisa ser devidamente comunicado ao seu leitor, as ideias precisam estar ordenadas em uma linha de raciocínio. É importante salientar que a comunicação científica exige rigor no uso da linguagem, obedecendo às normas básicas de redação.

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Como Criar a Fundamentação Teórica

Estratégia de 3 Passos (EFC)

1# Estrutura do Referencial Teórico

Estruturar adequadamente o referencial teórico é uma arte.

Portanto, a subdivisão em secções ou subsecções de forma lógica permite ao leitor compreender sua linha de raciocínio e chegar ao grau de entendimento que você quer passar.

O conteúdo a ser desenvolvido na fundamentação teórica tem relação direta com o problema de pesquisa, bem como com suas variáveis de pesquisa.

A divisão entre secções e subsecções deve partir sempre do mais geral para o mais específico. NB: Lembre-se de que esta é só uma sugestão, converse sempre com seu orientador para definir outros encaminhamentos possíveis.

1.1# Elementos da Fundamentação Teórica

1.1.1# Revisão Histórica

 

A revisão histórica é dedicada a traçar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspetos relevantes do objeto de estudo. Para elaborar esta secção, deve-se:

– Apresentar a origem e a evolução do conceito ou tema ao longo do tempo.

– Descrever as principais mudanças e desenvolvimentos teóricos e metodológicos.

– Identificar eventos ou pesquisas chave que tenham influenciado significativamente o campo de estudo.

– Explicar como esses desenvolvimentos históricos moldaram o entendimento actual do problema.

Esta revisão fornece uma perspectiva cronológica que ajuda a contextualizar o estudo dentro de um panorama mais amplo e a compreender a trajectória de desenvolvimento do campo de pesquisa.

1.1.2# Revisão Teórica

 

A revisão teórica é onde se explora o problema de pesquisa dentro de um quadro de referência teórica. Esta parte envolve:

Apresentar e discutir as teorias e modelos teóricos relevantes para o tema de pesquisa.

– Explicar como essas teorias ajudam a entender o problema de pesquisa.

Definir conceitos-chave e explicar a sua relevância para o estudo.

– Demonstrar como a teoria guia a formulação das hipóteses ou perguntas de pesquisa.

Nesta secção, o pesquisador deve conectar o problema de pesquisa às teorias existentes, mostrando como estas orientam e fundamentam o estudo.

1.1.3# Revisão Empírica

 

A revisão empírica foca nos estudos práticos e metodológicos que abordam o problema de pesquisa. Para esta parte, é necessário:

Analisar pesquisas empíricas anteriores que trataram do mesmo problema ou de problemas semelhantes.

– Descrever os métodos de pesquisa utilizados nesses estudos (e.g., experimentos, estudos de caso, levantamentos).

– Apresentar os resultados obtidos e discutir a sua validade e confiabilidade.

– Identificar as melhores práticas metodológicas e as dificuldades encontradas.

Esta revisão ajuda a compreender como o problema tem sido estudado na prática e quais metodologias têm sido eficazes.

1.1.4# Estado da Arte

 

O estado da arte é a secção onde se apresenta um resumo detalhado do conhecimento actual sobre o tema de pesquisa. Aqui, o objetivo é mostrar o que já foi estudado e descoberto até o momento. Para escrever esta parte, deve-se:

Identificar e descrever os estudos mais importantes e relevantes sobre o tema.

– Apontar as principais conclusões e descobertas desses estudos.

– Destacar as lacunas no conhecimento atual e as áreas que ainda precisam ser exploradas.

– Identificar os principais entraves metodológicos encontrados nos estudos anteriores.

Esta seção deve fornecer uma visão geral do que já se sabe e justificar a necessidade do seu estudo ao identificar o que ainda não foi resolvido.

NB: Sempre ao fim de uma secção, conclua seus argumentos demonstrando claramente aonde quer chegar com eles. Procure fazer a associação com o seu tema/pergunta de pesquisa.

Exemplo

Tema

  • Percepção de professores sobre o uso de jogos digitais em aulas de matemática na Escola Secundária Z

Pergunta de Partida

  • Qual é a percepção de professores sobre o uso de jogos digitais em aulas de matemática na Escola Secundária Z?

Objectivo

Geral

  • Analisar o uso de jogos digitais em aulas de matemática na Escola Secundária Z na percepção dos professores.

Específicos

  • Descrever os jogos digitais frequentemente utilizados pelos professores nas aulas de matemática;
  • Identificar as habilidades matemáticas a desenvolver nos alunos através do uso de jogos digitais;
  • Investigar como os jogos digitais são integrados ao currículo de matemática;
  • Explorar as experiências e percepções dos professores sobre a implementação de jogos digitais nas aulas de matemática;

Possíveis Secções da Fundamentação Teórica

  • Tipos de Jogos Digitais na Educação Matemática (Definição e Classificação dos Jogos Digitais, Exemplos de Jogos Digitais Populares)
  • Uso de jogos digitais no desenvolvimento de habilidades matemáticas (resolução de problemas, pensamento crítico, cálculo, álgebra, geometria, etc)
  • Modelos de Integração de Jogos Digitais
  • Percepções dos Professores sobre Jogos Digitais

Saiba como elaborar Projecto de Pesquisa de forma fácil.

2# Fontes para revisão da literatura

Além dos livros sobre o tema de pesquisa, existem muitas outras fontes de interesse para a realização de pesquisas, tais como:

Artigos Científicos: Publicados em revistas científicas, são fontes primárias importantes para obter as pesquisas mais recentes e revisadas por pares.

Teses e Dissertações: Trabalhos acadêmicos de mestrado e doutorado que podem oferecer pesquisas originais e revisões detalhadas de literatura sobre temas específicos.

Conferências e Anais: Artigos e resumos apresentados em conferências acadêmicas e científicas frequentemente apresentam pesquisas inovadoras e em andamento.

Relatórios Técnicos: Publicações de organizações de pesquisa, governamentais ou não governamentais, que oferecem dados e análises detalhadas sobre temas específicos.

NB: Procure usar sempre fontes fiéis e incontestáveis.

Quanto aos artigos científicos, também verifique a procedência do periódico (a instituição, os professores orientadores, a qualidade do trabalho apresentado).

2.1# Bases de Dados Acadêmicas

Veja uma lista de algumas fontes confiáveis para encontrar artigos científicos (sugestões de bases):

  • SCIELO – Scientific Electronic Library Online. Disponível em: http://www.scielo.br/?lng=pt. Organiza e publica textos completos de revistas brasileiras na web.
  • Biblioteca Digital USP. Disponível em: http://www.teses.usp.br/. Disponibiliza parte da produção intelectual, ou seja, das dissertações e teses defendidas na Universidade de São Paulo.
  • Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/. Disponibiliza informações sobre as teses e as dissertações produzidas pela Unicamp.
  • CCN – Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas. Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind. Oferece acesso a um acervo com dissertações e teses brasileiras.
  • Portal de Periódicos Capes/MEC. Disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br. Periódicos completos, base de dados referencial com resumos, teses e dissertações.
  • Google Acadêmico (Scholar). Disponível em: http://scholar.google.com.br/schhp.
  • ERIC – Institute of Education Sciences (Instituto de Ciências da Educação). Disponível em: https://eric.ed.gov.
  • National Center for Biotechnology Information (Centro Nacional de Informação de Biotecnologia). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/.
  • P@PSIC – Periódicos Eletrônicos em Psicologia. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/.

3# Citação das fontes

Citação consiste na “menção de uma informação extraída de outra fonte”. Assim como a qualidade das fontes utilizadas, as ideias de outros autores, quando inseridas no trabalho, devem ser indicadas com precisão para conferir maior autoridade ao texto.

Tipos de citação

As citações diretas são, de fato, uma cópia e transcrevem parte de uma obra, com as palavras do autor. Podem ser curtas ou longas, e para cada tipo há uma formatação própria.

Já nas citações indirectas, a ideia de outros autores é apresentada por meio de paráfrase,ou seja, transcrita com suas próprias palavras, mas sem perder a ideia central do conceito.

Citação de Citação: Consiste em citar uma fonte que foi citada por outra fonte, quando não se teve acesso ao original. É utilizada quando o original não está disponível.

Toda citação deve ser detalhada para que o leitor possa também encontrá-la, caso seja do seu interesse. Ao final de todo trabalho científico, seja artigo, TCC, dissertação ou tese, é imprescindível a lista de referências utilizadas. Todas as referências que estão na lista devem ter sido em algum momento citadas anteriormente.

NB: Ao escolher o estilo de citação, é importante seguir as diretrizes específicas da instituição para o qual o trabalho está sendo preparado.

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