Hoje, vamos explorar sobre Criar e Testar Hipóteses, vendo os passos certos que deve usar na sua Monografia.
1# O que são hipóteses?
São declarações que podem ser provadas ou refutadas por meio de experimentação e observação. As hipóteses indicam o que estamos buscando ou tentando provar. São tentativas de explicação, não os factos em si. Ao formulá-las o pesquisador não está certo da sua comprovação.
Devemos formular hipóteses em toda pesquisa?
Não, nem todas as pesquisas suscitam a formulação de hipóteses, a formulação ou não, vai depender do enfoque do estudo.
As pesquisas quantitativas cujo método é dedutivo formulam hipóteses, sempre e quando se define desde o início que seu tipo será:
Correlacional: Investiga se há uma relação entre duas ou mais variáveis; ou
Explicativo: Além de identificar uma relação, o estudo busca explicar como e porquê essa relação ocorre, muitas vezes sugerindo uma causa e efeito;
Exemplo:
Imagine um estudo que pretende investigar a relação entre o tempo de estudo e o desempenho académico dos estudantes.
- Correlacional: “Existe uma correlação positiva entre o tempo dedicado aos estudos e as notas obtidas pelos alunos.”
- Explicativa: “O aumento do tempo de estudo dos alunos explica a melhora significativa em seu desempenho académico.”
Descritivo: que tenta prever um número ou um facto. Nesse caso, o estudo tem como foco descrever e quantificar um fenómeno, fazendo previsões ou estimativas de um determinado número ou facto.
Exemplo:
Um pesquisador pode querer saber a média de filhos por família em um determinado Distrito.
- Descritiva: “A média de filhos por família no distrito X é de 2,5.”
Aqui, o objectivo é prever um facto mensurável (o número médio de filhos), que pode ser confirmado ou refutado após a colecta dos dados.
Os estudos qualitativos normalmente não formula hipóteses antes de colectar dados.
Sua natureza é indutiva, o que é verdade sobretudo se seu tipo for exploratório ou descritivo. Sem dúvida, quando seu tipo é correlacional ou explicativo, os estudos explicativos podem formular hipóteses durante a obtenção das informações, depois de reunir dados, ao analisá-los ou ao chegar as conclusões.
Em uma pesquisa podemos ter uma, duas ou várias hipóteses.
Em estudos qualitativos, a abordagem geralmente é mais focada na compreensão profunda dos fenómenos em vez de testar hipóteses específicas desde o início. Por isso, os pesquisadores frequentemente não formulam hipóteses antes de colectar os dados.
Exemplo:
Um pesquisador que estuda a percepção dos moradores de uma comunidade rural sobre as mudanças climáticas pode iniciar com entrevistas abertas. Após a colecta, percebe que muitos mencionam a influência das tradições locais na interpretação dos eventos climáticos, o que leva à formulação de uma hipótese emergente, como: “As percepções sobre as mudanças climáticas são fortemente moldadas pelas tradições culturais da comunidade.”
2# O que são variáveis?
Uma variável é uma propriedade cuja variação é susceptível à medição e à observação.
Exemplos:
Motivação intrínseca para o trabalho, religião, agressividade verbal, cultural fiscal, personalidade autoritária, inteligência, eficácia de uma vacina, etc.
- Em um estudo sobre qualidade do sono, as variáveis podem incluir “número de horas dormidas” (variável quantitativa) e “nível de satisfação com o sono” (variável qualitativa que pode ser mensurada através de escalas).
As variáveis adquirem valor para a pesquisa científica quando chegam a se relacionar com outras (formar parte de uma hipótese ou de uma teoria).
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3# De ondem surgem as hipóteses?
As hipóteses podem surgir das seguintes fontes possíveis:
- Teoria: Hipóteses podem ser derivadas de postulados teóricos já consolidados.
- Estudos Empíricos: Generalizações a partir de pesquisas anteriores podem indicar relações a serem testadas.
- Observações Prévias: Experiências e intuições podem levar à formulação de hipóteses, mas requerem maior cuidado se não forem apoiadas por dados prévios.
Exemplo:
i) Com base na Teoria da Motivação de Maslow, um pesquisador pode formular a hipótese:
“Funcionários que têm suas necessidades básicas satisfeitas demonstram maior engajamento e produtividade no trabalho.”
- ii) Se vários estudos mostram que a prática regular de exercícios melhora o humor e reduz sintomas de ansiedade, um pesquisador pode propor:
“Pessoas que se exercitam regularmente apresentam níveis mais baixos de ansiedade em comparação com aquelas que não se exercitam.”
iii) Um professor pode notar que, em sua experiência, alunos que participam activamente das aulas parecem ter um desempenho melhor. A partir disso, ele formula a hipótese:
“A participação activa em sala de aula está relacionada ao desempenho académico dos alunos.”
No entanto, essa hipótese precisa ser testada com um estudo sistemático para confirmar se a observação inicial se mantém em uma amostra maior e sob controle de outros fatores.
NB: Quanto menor fundamento empírico prévio tenha uma hipótese, maior será o cuidado que se deverá ter na sua elaboração e avaliação, porque de qualquer forma, não é recomendável formular hipóteses superficiais.
Leia sobre O Tripé da Monografia: Objectivos, Hipóteses e Perguntas de Pesquisa
4# Tipos de hipóteses
Na elaboração de uma monografia ou qualquer outro tipo de pesquisa académica, é fundamental compreender os diferentes tipos de hipóteses que podem ser formuladas. Cada tipo de hipótese desempenha um papel específico no processo de investigação e na análise dos dados. Vamos explorar os principais tipos:
- Hipótese de pesquisa
- Hipótese Nula
- Hipótese alternativa
- Hipótese estatística
Tipo de Hipótese | Definição | Exemplo |
Hipótese de Pesquisa | Suposição inicial orientada a explicar um fenômeno | “Estudantes que usam métodos activos apresentam melhor desempenho que os que usam métodos passivos.” |
Hipótese Nula (H0) | Declaração de ausência de relação significativa | “Não há diferença de desempenho entre estudantes que usam métodos activos e passivos.” |
Hipótese Alternativa (H1) | Declaração de existência de relação significativa | “Há uma diferença significativa no desempenho entre os dois grupos de estudantes.” |
Hipótese Estatística | Versão quantitativa, mensurável da hipótese de pesquisa (permite a aplicação de testes estatísticos) | H0: μ1 = μ2
H1: μ1 ≠ μ2 |
Existem dois tipos principais de hipóteses estatísticas: a nula (H0) e a alternativa (H1). Elas são usadas em conjunto durante a análise de dados para determinar a significância estatística dos resultados.
Características:
– Quantifica a relação ou diferença esperada entre as variáveis.
– Utilizada em estudos que envolvem análise estatística.
– Testada por meio de testes de significância, como o teste t, ANOVA, etc.
NB: Para mais detalhes consulte o manual da sua universidade.
O que é Teste de Hipóteses?
As hipóteses quantitativas são submetidas ao teste ou ao escrutínio empírico para determinar se são sustentadas ou refutadas, de acordo com o que o pesquisador observa.
Do ponto de vista técnico, uma hipótese não é aceite por meio de um estudo, apenas apresenta-se evidências a seu favor ou contra. Quanto mais pesquisas apoiem uma hipótese, mais credibilidade ela terá, e logicamente será válida para o contexto (lugar, tempo, indivíduos ou objectos) em que foi comprovada.
O que ocorre quando não se encontra evidência que confirma as hipóteses da nossa pesquisa?
Nem sempre os dados sustentam as hipóteses. Mas o facto de que os dados não confirmam as evidências das hipóteses elaboradas, não significa que a pesquisa não tenha utilidade. É claro que preferimos que o que supomos esteja de acordo com a nossa realidade. Inclusive, há quem formule uma pressuposição e a defenda a todo o custo, ainda que tenha percebido que está enganado (é uma natureza humana, entretanto na pesquisa a meta é o conhecimento e os dados contra a hipótese também oferecem conhecimento).
NB: No enfoque qualitativo, o teste de hipóteses não é o centro da pesquisa, mas sua geração e sua contribuição para o avanço do conhecimento.